“TOP SURGERY” ou CIRURGIA DE REAFIRMAÇÃO DE GÊNERO
“TOP SURGERY” ou CIRURGIA DE REAFIRMAÇÃO DE GÊNERO
- Mastectomia MASCULINIZADORA - TÉCNICAS -
Se você é um homem trans, talvez esteja buscando informações sobre este assunto. Cada vez mais falado no meio LGBT, este tema tem sido debatido de forma recorrente entre os cirurgiões de mama.
O processo transexualizador é uma realidade. E existem algumas etapas (ou degraus, por assim dizer), que o paciente precisa cumprir antes de poder COMPLETAR esta longa transformação.
O tratamento é dividido em duas modalidades: a ambulatorial (acompanhamento psicoterápico e hormonização) e a hospitalar (realização de cirurgias de modificação corporal e acompanhamento pré e pós-operatório).
Para alguns homens transexuais, a cirurgia é um passo natural - e importante para seu senso de identidade. No entanto, muitos optam por não fazer a cirurgia. Pessoas "trans" se relacionam com seus corpos de maneira diferente e precisam fazer escolhas individuais que melhor atendam às suas necessidades.
Existem vários termos e denominações que você já deve ter lido - cirurgia de disforia de gênero, cirurgia de afirmação de gênero, transexualizadora e afins. Nenhum deles é mais ou menos correto que outro. São apenas "termos". Uns, utilizados por médicos; outros, pelos próprios pacientes. O importante é que você compreenda que a ideia maior é conduzir o leitor através deste processo com informações de QUALIDADE.
- Objetivos da cirurgia:
Os princípios básicos da cirurgia de afirmação de gênero do tórax em homens TRANS são:
- remoção do tecido mamário e do excesso de pele;
- redução e posição adequada do mamilo e aréola;
- eliminação do sulco inframamário
- minimização de cicatrizes da parede torácica.
Com isto, o objetivo é conferir um aspecto mais masculino ao tórax do paciente, realçando contornos e volume mais adequados ao gênero. Em contrapartida, surgem as cicatrizes (maiores ou menores), decorrentes deste processo.
PRINCIPAIS TÉCNICAS
Existem basicamente 3 técnicas cirúrgicas:
- Técnica SEMI-CIRCULAR (e variações)
- Técnica PERIAREOLAR
- Técnica de mastectomia por DUPLA INCISÃO com enxerto livre da aréola e mamilo;
Todas as outras que você encontrar, são variações do que apresento aqui.
A anatomia das mamas e o formato do tórax é que vão ditar a escolha da melhor técnica para cada paciente, guardadas as preferências e expectativas individuais.
Em alguns casos, associo lipoaspiração do tórax para melhora do contorno.
- TÉCNICAS CIRÚRGICAS:
- Técnica Semi-circular
Apropriado para uma minoria de pacientes, com excesso mínimo de mama, pequeno volume, mínimo excesso de pele e bom tônus de pele.
Tem a vantagem de uma pequena cicatriz bem disfarçada.
Fig1 . Desenho esquemático da Técnica SEMI-CIRCULAR.
Foto 1.: Paciente com mamas pequenas, submetido a técnica semi-circular.. Pré-operatório (Esquerda); Pós-operatório (Direita)
- Técnica Periareolar
Apropriada para pacientes com modesto excesso de mama e volume, com expectativa de que ocorra uma remodelação da pele.
Esta abordagem tem a vantagem de remover o excesso de pele e reposicionar o mamilo. A cicatriz circum-areolar é frequentemente desfavorável, porque múltiplos vetores de tensão causam hipertrofia e alargamento da cicatriz; Enrugamento da pele pode ser frequentemente visto.
Fig2 . Desenho esquemático da Técnica PERIAREOLAR.
Foto 2.: Pacientes com mamas pequenas, submetidos a técnica periareolar. Pré-operatório (Esquerda); Pós-operatório (Direita)
- Técnica de MASTECTOMIA por DUPLA INCISÃO com enxerto livre da aréola e mamilo:
Geralmente indicado para pacientes com mamas grandes e ptóticas (“flacidas ou caídas”). Consiste na retirada do CAP (aréola e mamilo) como enxerto de pele de espessura total, amputação total da mama; enxerto do CAP em seu novo local na parede torácica.
As vantagens da técnica são: melhor contorno do tórax, excelente exposição e ressecção mais rápida do tecido, além da redução do mamilo, redimensionamento da aréola e reposicionamento.
As desvantagens são as cicatrizes residuais longas, as alterações pigmentares e sensoriais do CAP e a possibilidade de necrose parcial ou total do enxerto da aréola / mamilo.
Fig 3.. Desenho esquemático da Técnica de DUPLA INCISÃO
Foto 3.: Paciente com mamas pequenas, submetido a técnica de dupla incisão. Pré-operatório (Esquerda); Pós-operatório (Direita).
QUEM PODE FAZER??
Requisitos básicos para acesso ao processo Transexualizador:
- Maior de 18 anos para iniciar processo terapêutico e realizar hormonização;
- Maior de 21 anos para cirurgias de redesignação sexual, com indicação médica; e
- Necessidade de avaliações psicológicas e psiquiátricas durante um período de 2 anos, com acompanhamentos e diagnóstico final que pode encaminhar ou não a paciente para a cirurgia tão aguardada.
O paciente em processo de redesignação sexual, com a comprovação de que foi "diagnosticado como homem transexual (CID F 64.0), já pode ter seu nome e gênero alterado em todos os documentos".
Os homens transgêneros também podem ter acesso à mastectomia pelo SUS, através do “Processo Transexualizador”, instituído pela Portaria nº 2.803, de novembro de 2013. Para ser encaminhado à mastectomia, o paciente transexual precisa atender aos requisitos (vide acima) estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina e pelo Ministério da Saúde. A pessoa deve ter idade mínima de 21 anos e passar por acompanhamento multiprofissional, com psicólogo, psiquiatra, endocrinologista, assistente social e cirurgião por no mínimo dois anos.
Locais em Florianópolis, que oferecem ambulatórios de atenção especializada no processo transexualizador :
Centro de Saúde Campeche Florianópolis/SC
Centro de Saúde Estreito Florianópolis/SC
Centro de Saúde Saco Grande Florianópolis/SC
Obrigado por ter chegado até aqui com a leitura.
Espero ter ajudado!
Em caso de dúvidas, entre em contato!
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